Joana Fojo Ferreira
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No trilho da Gestalt

20/7/2017

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Há já quase um ano que iniciei a pós-graduação em Terapia Gestalt. Tem sido um percurso muito enriquecedor e achei que faria sentido partilhar convosco, de uma forma que espero simples, as ideias fundamentais e mais marcantes do que tenho aprendido.

Talvez como pano de fundo esteja a ser transformador para mim experienciar o Contacto e o dar-me conta (Awareness). Como estes dois processos, interligados na realidade, são ferramentas importantíssimas para nós clínicos, que é fundamental desenvolvermos, e importantíssimas de promover nos pacientes, porque é na possibilidade de nos abrirmos ao contacto connosco próprios, com o mundo e com os outros, e nos permitirmos dar conta do que surge neste contacto, que abrimos a porta às possibilidades de aceitação e/ou de transformação possibilitadoras do bem-estar e do crescimento pessoal.

A par destes dois processos, as ideias de auto-regulação organísmica e de ajustamento criativo são também muito aconchegantes, e refletem a postura da Gestalt orientada para os recursos e para o potencial humano, no que eu gosto de pensar como um otimismo realista e mobilizador. Estes dois conceitos o que dizem no fundo é que o nosso organismo tem uma capacidade auto-reguladora, e se nos permitirmos simplesmente dar conta, permitindo que o organismo assuma o controlo sem a nossa interferência, permitimos que ele faça os ajustamentos necessários para enquadrar a nova experiência ou a nova realidade. Quanto mais abertos ao novo estivermos, e menos procurarmos interromper a experiência com os nossos padrões de funcionamento rigidificados, mais criativos e menos padronizados serão os ajustamentos que conseguiremos fazer.

Tenho descoberto que a teoria da Terapia Gestalt é um mundo muito vasto, está cheia de ideias muito ricas, umas mais simples, outras mais complexas, umas relativamente passíveis de explanar verbalmente, outras que claramente necessitam da compreensão vivida e sentida, mas não querendo tornar este texto denso e complicado, já que a minha intenção é também simplesmente introduzir alguns conceitos que têm sido importantes para mim de descobrir e experienciar, deixo-vos com uma última ideia, a ideia de Polaridades, e a forma integradora como a Gestalt as trabalha. Não é nova a ideia de que temos vários lados, e o que a Terapia Gestalt defende é que somos uma sucessão interminável de polaridades, tendemos a aceitar determinadas características em nós e rejeitar outras, muito de acordo com as nossas experiências de vida. E o que ela propõe, mais do que continuarmos a rigidificarmo-nos num polo rejeitando o outro, é ultrapassarmos a dicotomia, resgatarmos os opostos menos presentes, mais rejeitados, compreendendo que eles também têm coisas úteis a dar-nos e a dizer-nos. Neste resgate, ativamos mais facilmente o processo de ajustamento criativo – aumentamos o nosso auto-conceito com a integração dos opostos, que passam assim a complementares, passam a ser mais um recurso, e isto permite que novas possibilidades surjam.

Esta promoção de fluidez organísmica que a Terapia Gestalt procura, num contínuo de experiências às quais nos vamos abrindo e permitindo estar e dar conta, é mesmo profundo e enriquecedor.
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Reconhecer e transformar ciclos interpessoais desadaptativos

22/5/2016

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(Sobre o trabalho do Paul Wachtel)
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Andreia Santos e Joana Fojo Ferreira

O Paul Wachtel é uma grande referência no movimento integrativo em psicoterapia, que integra a abordagem psicodinâmica com a abordagem comportamental.
 
Já tivemos o privilégio de estar com ele algumas vezes e ele transmite sempre uma sensação de acolhimento que transparece também em sessão com os pacientes.
 
Uma das coisas que mais gostamos no Paul Wachtel é o extremo cuidado que ele tem no uso das palavras, preocupado em favorecer que os pacientes possam receber as suas intervenções de um modo transformador e não, pelo contrário, ativador das suas defesas.
 
O Paul Wachtel desenvolveu também o modelo Cyclical Psychodynamics, integrando a perspectiva mais psicanalítica da importância das experiências precoces, com a compreensão que as experiências são cumulativas e que o nosso desenvolvimento resulta de uma dinâmica entre os dois tipos de experiências.  A ideia é que cada pessoa tem um conjunto de interações na sua infância que determinam a forma como se relaciona consigo própria e com os outros, e que estes padrões de interação, por sua vez, favorecem que as pessoas que estão à sua volta se comportem com o próprio à semelhança das suas figuras de referência. Desta forma, a pessoa acaba por acumular uma série de experiências negativas, que vão reforçando os seus esquemas desadaptativos.
 
 Em termos terapêuticos, o Paul Wachtel propõe ajudar os pacientes a reconhecer estes padrões e o seu contributo neles, e estimula os terapeutas a adoptarem um estilo de comunicação que favoreça o reconhecimento desses padrões e a capacidade de os transformar em interações mais adapatativas.
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Trabalhar a fobia aos afetos

17/10/2014

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(sobre o trabalho da Leigh McCullough)
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Andreia Santos e Joana Fojo Ferreira

A fobia aos afetos é um conceito introduzido pela Leigh McCullough e pela equipa de trabalho dela, no seguimento de se terem apercebido que muitos dos pacientes que nos aparecem em clínica têm muita dificuldade em aceder aos seus afetos/emoções, e parecem muitas vezes evitá-los num registo semelhante a uma fobia. 

O que muitas vezes acontece é que, ao longo da nossa socialização, algumas das nossas emoções e necessidades centrais não foram acolhidas ou foram mesmo rejeitadas pelos nossos cuidadores. Esta situação cria tensão e desconforto em situações que reativem estas emoções, e naturalmente desenvolvemos defesas para impedir este contacto, mesmo na ausência de um contexto que o justifique.


Em terapia, o que a Leigh McCullough faz é identificar o comportamento defensivo, perceber que emoção ou afeto central é que ele está a impedir de vivenciar, que sensações adversas é que contribuíram para este evitamento, e em que contexto é que este evitamento se desenvolveu. Este trabalho é feito com três objetivos: reestruturar as defesas, reestruturar os afetos, e reestruturar a noção de si próprio e dos outros. 

À semelhança da Diana Fosha, também a Leigh McCullough se preocupa muito em acompanhar o comportamento não verbal dos pacientes, explicitando o que está a ver, de forma a ajudá-los a tomarem consciência e aprofundarem a experiência de si próprios. Tem também muito o cuidado de ajudar os pacientes a compreender e abrir mão das suas defesas, e aproveita a experiência da relação para lhes proporcionar viverem as suas emoções centrais e experimentarem, no espaço terapêutico, aquilo a que não se conseguem expôr lá fora. 

A conjugação destes aspetos torna o trabalho da Leigh McCullough uma excelente fonte de aprendizagem e reflexão, que vale a pena conhecer.
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Aprender a usar a relação

23/5/2014

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(ou o impacto do trabalho do Jeremy Safran em nós)
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Felizmente tive o privilégio de, ainda enquanto estudante, me fazer acompanhar de professores e terapeutas que me introduziram desde cedo a referências marcantes da comunidade psicoterapêutica, que influenciaram imensamente o meu crescimento enquanto clínica e o trabalho que ainda hoje faço com os meus pacientes. O Jeremy Safran foi uma destas primeiras referências; com ele aprendi a ter particular atenção à relação terapêutica, reconhecer impasses e rupturas na relação que estejam a dificultar o andamento do processo, e não ter medo de, de uma forma cuidada e respeitosa, partilhar com o paciente aquilo que eu sinto estar a acontecer na relação, no paciente e/ou em mim própria.
Joana Fojo Ferreira

Ao longo da formação de um psicólogo, uma das expressões mais ouvidas é a relação terapêutica, contudo até conhecer o trabalho de Jeremy Safran, esta expressão para mim, não passava de um conceito vago, difícil de operacionalizar e sobretudo implícito. Através da leitura das suas obras, consegui perceber que a relação terapêutica não é somente algo que está lá em pano de fundo ou implícito, mas um ingrediente essencial e que deve ser explicitado. Se por um lado, esta ideia me permitiu estar mais à vontade em terapia, por implicar mais espontaneidade e uma maior responsividade ao que está a acontecer no momento, por outro implicou desafiar-me como pessoa porque implicou estar em contacto com as minhas próprias emoções.
Andreia Santos
Aspectos centrais do trabalho do Jeremy Safran

O foco principal da investigação e trabalho clínico do Safran é a relação terapêutica, particularmente a aliança terapêutica. O ponto de viragem que o Safran introduziu foi aproveitar a relação terapêutica não só para compreender e conceptualizar a experiência do paciente, mas muito para intervir com o paciente, devolvendo-lhe e clarificando o que está a acontecer no processo ou na relação.

Trabalhar a relação terapêutica, para o Safran, não é meramente confrontar o paciente com o seu próprio funcionamento, mas sim o terapeuta implicar-se, ou seja, perceber o que é que é seu e o que é que é do paciente e/ou da relação dos dois, e comunicar isto ao paciente de uma forma cuidadosa e validante. É aqui que entra o conceito de metacomunicação, tornar o implícito explícito, trazer a relação e o processo para o foco do trabalho terapêutico.

Com que intuito?
Frequentemente a relação terapêutica reflecte o funcionamento interpessoal do paciente lá fora, a forma como reage aos outros e o tipo de reacções que estimula nos outros também. Explicitar estes padrões favorece a tomada de consciência dos mesmos. Por outro lado, explorar e compreender estes padrões no seio de uma relação segura, possibilita ensaiar formas diferentes de se relacionar.

Como a relação terapêutica é um encontro entre duas pessoas, com expectativas e realidades interpessoais diferentes, a existência de rupturas/impasses/estranhezas na aliança é praticamente inevitável. O papel do terapeuta não é impedi-las, mas sim repará-las. É neste sentido que o Safran reflecte e esquematiza diferentes tipos de ruptura e formas de intervir nelas no sentido de as resolver.

Muitas vezes assustamo-nos com a perspectiva de sair do lugar do especialista para alguém que de facto se está a relacionar com o outro, em que passamos mesmo a falar de nós, com o bom e o mau que isso acarreta. É aqui que o Safran tem o poder de nos tranquilizar, além de suscitar vontade de nos implicarmos mais e mais profundamente nos processos terapêuticos. Nestes dois aspectos ele é absolutamente inspirador.

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O que eu achava que deveria ser a terapia e não sabia que existia

12/3/2014

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(ou o impacto do trabalho da Diana Fosha em mim)

Dos momentos mais marcantes no meu percurso profissional, enquanto aprendiz, foi ter tido o privilégio de estar num Workshop da Diana Fosha em Florença, em 2010, na altura sem saber nada sobre ela, e sair do Workshop a dizer “Isto é o que eu achava que deveria ser a terapia e não sabia que existia”. De facto, depois de um Workshop em que todos (e incluo grandes referências da comunidade psicoterapêutica internacional) chorávamos profundamente emocionados com os vídeos das sessões dela, percebi que encontrei na Diana Fosha aquilo que implicitamente procurava, e que também só descobri que procurava quando o encontrei nela.


Como é que é a Diana Fosha em terapia?
O que é que é tão emocionante e profundamente tocante no trabalho dela?

Não é fácil explicitá-lo em palavras, é algo que se vive e que se sente, mais do que se explica. E de facto viver e sentir, experienciar, é uma das pedras basilares, se não a basilar por excelência, do trabalho dela. Todo o trabalho terapêutico que faz com os pacientes é ancorado no facilitar que acedam e experienciem as emoções e os afectos, agradáveis e desagradáveis, que constituem a sua vivência psicológica mais autêntica e profunda. E ela está sempre com eles a ajudá-los a aprofundar a experiência, progressivamente mais e mais em contacto consigo mesmos.

Este experienciar e explorar as profundezas do mundo psicológico dos pacientes, é sustentado numa relação de segurança com o terapeuta, alguém profundamente sintonizado com o paciente, atento, dedicado, verdadeiramente presente. A presença e disponibilidade da Diana Fosha para os seus pacientes é do mais bonito que já vi, verdadeiramente impressionante, e que nos toca profundamente também a nós, só de ver.
Esta ligação profunda, de um respeito e carinho imensos, diferente do que o paciente está habituado a receber lá fora, é o que lhe permite baixar as defesas e permitir-se experienciar e partilhar o mais íntimo e mais autêntico de si. E a sensação de acompanhamento (em contraste com a solidão habitual) que o respeito e presença validante do terapeuta imprimem, permitem-lhe transformar ainda a imagem de si e a vivência de si, criando um potencial reparador e transformador fenomenal.

A alternância entre experienciar por um lado, e reflectir sobre a experiência por outro, para a aprofundar ainda mais e dar-lhe um sentido mais coerente e apaziguador, no seio de uma ligação profunda e securizante com o terapeuta, é o que torna o processo terapêutico imensamente rico e transformador, e faz do trabalho da Diana Fosha algo imperdível e absolutamente inspirador.

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    Joana Fojo Ferreira
    Psicóloga Clínica

    Joana Fojo Ferreira Formação e supervisão de Psicólogos
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